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Comunicação e Saúde – temas, questões e perspectivas latinoamericanas

Communication and Health - themes, issues and Latin American perspectives

Comunicación y Salud - temas, problemas y perspectivas de América Latina

Editorial Reciis Vol 6, No. 4 -. Communication and Health - themes, issues and Latin American perspectives@en


Editorial Vol Reciis 6, No. 4 -. De Comunicación y Salud - temas, problemas y perspectivas de América Latina@es
A Comunicação e Saúde vem conhecendo nas duas últimas décadas uma grande expansão. Formada na interface de dois campos solidamente constituídos – o da Comunicação e o da Saúde – e frequentemente articulada com os da Ciência &Tecnologia e da Educação, a Comunicação e Saúde cresce em número de pesquisadores que para ela voltam sua atenção, alunos de graduação e pós-graduação que se enchem de entusiasmo por seus temas, de instituições que acrescentam essa interface nas suas prioridades e investimentos.No campo da Saúde, estas iniciativas têm sido, em grande medida, pautadas pela reflexão crítica sobre o modo ainda dominante de pensar e praticar a comunicação, marcadamente instrumental, difusionista e centrado na transferência de informações.Por outro lado, esta expansão não se desvincula de um processo de reconhecimento e legitimação da importância da comunicação para os desígnios da Saúde, com seus enfoques que buscam sair de um modelo exclusivamente médico-hospitalar-curativo e incluir outras perspectivas, como a da promoção da saúde e a consideração dos determinantes sociais da saúde.Na Comunicação, o movimento no sentido da sua interface com a Saúde evidencia atenção às exigências de compreensão das múltiplas realidades e dos temas que mobilizam a sociedade e à irrecusável necessidade de aprofundar o modo interdisciplinar de produzir conhecimentos.Entre as formas de reconhecimento e legitimação do campo da Comunicação e Saúde, estão os Grupos de Trabalho ou Temáticos que ocupam lugar hoje em instâncias científicas e acadêmicas que congregam pesquisadores com diversas formações e inserções institucionais. São bons exemplos o GT Comunicação e Saúde da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva e o GT Comunicación y Salud da ALAIC – Associación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación.Este número especial da RECIIS traz alguns dos trabalhos apresentados no XI Congresso da ALAIC, ocorrido em Montevidéu, de 9 a 11 de maio de 2012, com o tema “La investigación em Comunicación em América Latina: Interdisciplina, pensamiento crítico y compromiso social”. O GT Comunicación y Salud, que temos a honra e o privilégio de coordenar, recebeu 81 trabalhos, da América do Sul, Central e México, sendo aceitos 56, após processo seletivo. Uma nova avaliação resulta agora neste número e seu suplemento, que será publicado naseqüência. A maior presença de brasileiros traduz a realidade desigual verificada em todos os congressos latinoamericanos, refletida no GT; a presença forte de autores vinculados ao PPGICS – Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (ICICT/Fiocruz) decorre do fato de que este é o único na América Latina que oferece cursos de mestrado acadêmico e doutorado em Comunicação e Saúde. Em conjunto com os doSuplemento, os artigos aqui publicados constroem (certamente de modo não exaustivo) o cenário de pesquisas e reflexões sobre comunicação e saúde na América Latina. O número engloba quatro seções - Artigos originais, Ensaios, Pesquisas em andamento, Análises de produtos e práticas comunicacionais – e uma Entrevista. Excepcionalmente para as regras daReciis, optamos por deixar cada artigo em sua língua original, espanhol ou português, considerando que são as línguas oficiais do Congresso ALAIC.Em Artigos originais são apresentados dez trabalhos resultantes de pesquisas. Em “Comunicação na hanseníase: a recepção de materiais educativos por profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde, no município do Rio de Janeiro, Brasil”, Adriana Kelly Santos e suas co-autoras Ana Paula Ribeiro e Simone Monteiro analisam a recepção de materiais educativos produzidos no Brasil (1972 a 2008) sobre esse agravo. Entre os resultados, constata uma lacuna na transição do discurso da lepra para hanseníase, averticalidade de uma comunicação pautada em relações hierárquicas entre produtordestinatário, na homogeneização dos públicos e de conteúdos e a percepção da inadequação dos materiais, pelos profissionais de saúde e pelos pacientes.Antonio Fausto Neto e Aline Weschenfelder nos brindam com uma análise das estratégias discursivas construídas no âmbito de uma “realidade midiática”, particularmente através das revistas semanais, tomando a primeira fase da enfermidade que acometeu o ex-presidente Lula. Em “A enfermidade de Lula: enunciando a corporeidade do acontecimento” os autores chamam atenção para as condições que possibilitam o engendramento da enfermidade de Lula a partir de sentidos em disputa, que não ficam restritas ao mundo médico e ao âmbito político, mas são realizadas também por mídia e receptores.“Uso da rede social Facebook como ferramenta de comunicação na área de educação em saúde: estudo exploratório produção científica da área – 2005 a 2011” é o artigo de Arquimedes Pessoni, no qual ele registra a produção acadêmica recente sobre o uso das redes sociais na sua interface com a comunicação, educação e aprendizagem na área da saúde. Os resultados fizeram emergir 37 artigos científicos, sendo apenas dois brasileiros, lacuna que nos apresenta algumas indagações.Carla Martins e Anakeila Stauffer trazem os resultados da pesquisa “Sobre a produção da sociabilidade capitalista:o discurso sobre trabalho, comunicação e participação nos manuais dos agentes comunitários de saúde”, na qual analisaram os manuais e guias produzidos no Brasil e dirigidos a agentes comunitários de saúde, buscando identificar a produção discursivo-ideológica das concepções de trabalho comunitário, participação e comunicação. As autoras concluem que esses materiais atuam na afirmação de formas de comunicação, na naturalização de sentidos sobre “ser trabalhador” e ser cidadão participante e na legitimação das políticas públicas de saúde em curso.“Comunicación, participación y cultura em la promoción de la salud. El campo de la comunicación en contextos institucionales desde la perspectiva teórica constructivista” é o artigo de Dionisio Egidos. O pesquisador estudou experiências desenvolvidas entre 1998 e 2005 por mulheres promotoras de saúde de um centro de saúde municipal de um bairro de setores sociais vulneráveis, em Córdoba, Argentina, buscando responder se a mudança nas práticas comunicativas e de participação entre equipe de saúde/população, equipe de saúde/promotoras e promotoras/população facilitaria ou não osurgimento de práticas transformadoras de promoção da saúde, enfocada a partir da articulação entre o social, o cultural e o comunicacional.Com “Comer com os olhos: discursos televisivos e produção de sentidos na promoção da saúde nutricional de adolescentes”, Giane Serra, Inesita Araujo e Elizabeth Moreira trazem a discussão sobre as repercussões de programas televisivos no padrão alimentar dos adolescentes, considerando seus universos simbólicos, enfocados sob o ponto de vista das diferenciações sociais e tomando o caso da novela “Malhação”. A metodologia recebeu particular atenção das autoras, pois permitiu dimensionar a participação dos discursos midiáticos na formação dos sentidos de corpo e alimentação entre os adolescentes, considerando a circularidade simbólica entre as várias comunidades discursivas. Antonio Brotas e Simone Bortoliero, em “Em nome do progresso da ciência e da saúde: a participação dos pacientes na cobertura do julgamento da legalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil” discutem a cobertura noticiosa da ciência e da saúde que, segundo constatam, é marcada pela hegemonia das fontes especializadas, principalmente cientistas e médicos, silenciando-se as vozes de outros profissionais de saúde, gestores e pacientes. Os autores analisaram a participação dos pacientes na coberturarealizada por revistas semanais brasileiras sobre a controvérsia do uso de embriões humanos nas pesquisas com células-tronco, que culminou com o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. Os embates contemporâneos entre saberes e a legitimidade pública dos mesmos, bem como as estratégias que os agentes utilizam para buscar uma inserção mais competitiva no debate público emergem de seusresultados e conclusões.O artigo “Normatividad y vih/sida: alcances y consecuencias en la relación social imaginaria”, de Leila Passerino reflete sobre os processos de normatização que configuram a enfermidade, como também alguns alcances e consequências, a partir de três mecanismos fundamentais: o domínio da sexualidade e a proeminência do lugar da ‘família’; a distribuiçãoe organização espacial dos consultórios ou áreas dos hospitais dedicadas à Aids e às Doenças Transmitidas Sexualmente; o discurso biomédico da prevenção. Leila considera o diagnóstico de HIV a instância mais completa do projeto normativo, com consequências para quem vive com a infecção.Uma ampla pesquisa-ação realizada no México por uma equipe interdisciplinar está relatada em “Comunicación y educación para La salud que previenen muertes por riquetsiosis”, de Ma. Elena Zermeño Espinosa e co-autores. A bactéria riquetsia, surgida concomitantemente com a Influenza H1N1, em Mexicali, Baixa California, causou uma doença mortal. A ação foi de pesquisa e intervenção e dela participaram doze professores universitários e mais de setenta estudantes de Ciências da Comunicação, Veterinária, Educação, Psicologia e Sociologia.A produção midiática dos sentidos volta a ser enfocada em “Mídia e Saúde: os editoriais sobre saúde do jornal pernambucano Jornal do Commercio”, no qual Sílvia Santos detém-se na análise de editoriais publicados pelo diário, um dos dois mais importantes de Pernambuco. Utilizando o referencial teórico-metodológico da Semiologia dos Discursos Sociais, que privilegiou as noções de polifonia, contexto, concorrência discursiva, poder simbólico e lugar de interlocução, a autora procurou observar as diversas vozes que emergemdo texto jornalístico sobre os temas da saúde e do Sistema Único de Saúde.A seção de Ensaios contempla três textos que aportam reflexões sobre o campo e algumas de suas múltiplas dimensões. Em “Categorías analíticas para la investigación en comunicación y salud. Aportes desde el análisis del discurso” Milca Cuberli e Valeria Albardonedo discutem sobre a centralidade do sujeito no processo saúde-doença-cuidado, atravessado pelos determinantes simbólicos; um sujeito social que define e redefine constantemente padecimentos, sentimentos e estados saudáveis, no marco de um sistema no qual mais se impõe do que se propõe. A relação entre comunicação e saúde emerge desta dinâmica. As autoras oferecem um aporte para apreender esta problemática através da análise do discurso, como metodologia e técnica de abordagem.A relação entre interculturalidade e comunicação é o centro das reflexões de Natalia Ramos, em “Comunicação em Saúde e Interculturalidade – Perspectivas Teóricas, Metodológicas e Práticas”. Seu artigo trata dos novos paradigmas e desafios estratégicos, políticos, teóricos e metodológicos no campo da prevenção, informação, educação e promoção em saúde, bem como das competências comunicacionais e interculturais em contexto multicultural. Seu olhar privilegia o encontro interdisciplinar entre saúde, comunicação e cultura, na sua relação com a pesquisa, a formação e a intervenção em saúde.Com as lentes da integralidade, Roseni Pinheiro e Juliana Lofego apresentam questões sobre o direito à comunicação que, segundo as autoras, tem sido abordado teórica e juridicamente com maior ênfase na compreensão do direito ao acesso à informação ou à liberdade de opinião e expressão. “Direito à comunicação como manifestação do direito humano à saúde: participação, diálogo e cidadania na construção das políticas públicas” problematiza esta exclusividade e as estratégias oficiais de comunicação, que costumam se restringir as informações normativas, indo na contramão das proposições formuladas especialmente nas Conferências Nacionais de Saúde, que têm apontado a comunicação e a informação como indispensáveis à garantia do direito humano à saúde.A seção Pesquisas em Andamento traz quatro trabalhos de doutorandos, que integram suas pesquisas de pós-graduação. “Nada mais natural que amamentar” - Discursos contemporâneos sobre aleitamento materno no Brasil”, de Irene Kalil e Maria Conceição da Costa (orientadora), apresenta uma reflexão teórica sobre os discursos expressos nos materiais de orientação sobre aleitamento materno desenvolvidos pelo Ministério da Saúde brasileiro na última década, sobretudo as campanhas publicitárias da Semana Mundial da Amamentação, com o objetivo de identificar os sentidos da amamentação neles privilegiados ou silenciados.Ma. Belén Del Manzo formula e busca resposta para inquietações sobre “Lo decible acerca del aborto en el discurso social contemporâneo”. Seu trabalho procura dar conta de como o discurso social de um momento histórico determinado, a saber a discussão do projeto de Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez (Argentina, março de 2010), fala sobre o aborto em diferentes espaços da vida social: a saúde pública e os meios de comunicação.Em “Análise do processo de enquadramento na construção midiática de doença”, Marcelo Robalinho e Katia Lerner (orientadora) refletem sobre como a mídia constrói a concepção de doença, partindo da ideia de que esse significado é criado por um processo de enquadramento, que confere sentidos através de uma interpretação dos fatos relacionados às diferentes moléstias noticiadas. Através dos conceitos de frame e enquadramento de memória,analisam matérias publicadas pela revista semanal Veja, no período de vinte anos, tendo como marco legal a criação do Sistema Único de Saúde.Os diferentes modos pelos quais os atores da luta antimanicomial se apropriam e dão visibilidade ao movimento que propugna uma sociedade sem manicômios é o cerne da discussão conduzida por Wanda Santos, Inesita Araujo (orientadora) e Paulo Amarante (coorientador) em “Movimentos sociais e novas tecnologias: o Youtube e a Luta Antimanicomial”. Foram analisadas postagens de vários núcleos do movimento no site YouTube, por ocasião do Dia Nacional de Luta Antimanicomial.Na seção Análise de produtos e práticas comunicacionais temos dois trabalhos que relatam e analisam experiências aplicadas. “Multimedia educativo en el contexto de Plan CEIBAL en escuelas rurales de Uruguay”, de Elisa Martinez, Digna Hoogenboom e Mark Brul, põe em cena a relação entre as novas tecnologias de informação e comunicação e as configurações sociais na área da Saúde, a partir de um projeto desenvolvido na zona rural de Salto, Uruguai. Os autores refletem sobre os desafios que essa conjuntura apresenta aos comunicadores, quanto ao desenvolvimento de projetos interdisciplinares na comunidade e a articulação de novas tecnologias.Em “Gravidez adolescente e anticoncepção de emergência. O software Di@seguinte como auxílio virtual para as equipes de saúde”, Fernando Lefèvre e quatro co-autoras abordam a problemática da gravidez na adolescência e da contracepção de emergência, apresentando um software, em formato de programa multimídia, desenvolvido com base em resultados de uma investigação de representações sociais dirigida a adolescentes, a ser aplicado por profissionais de saúde. Por fim, trazemos uma Entrevista que, não sendo realizada no Congresso da ALAIC, foi incluída pela importância que o tema vem cada vez mais se revestindo na Comunicação e Saúde. “Internet: Working in Progress” foi o título que Isabel Levy escolheu para encimar a entrevista com seis eminentes pesquisadores brasileiros e estrangeiros da comunicação, participantes do III Pentálogo do Centro Internacional de Semiótica e Comunicação, em setembro de 2012. Isabel conversou com os entrevistados sobre as transformações geradas pela internet no sistema midiático, em nossas vidas e nas pesquisas sobre Comunicação, além de apontarem perspectivas teóricas e desafios metodológicos na área. Caro leitor, sua leitura certamente enriquecerá os textos que aqui estão, produzindo novos sentidos para os temas, questões e perspectivas aportadas. Que sejam momentos produtivos e felizes!@pt

. Communication and health - themes, issues and latin american perspectives comunicación y salud - temas, problemas y perspectivas de américa latina comunicação e saúde – temas, questões e perspectivas latinoamericanas. Revista eletrônica de comunicação, informação e inovação em saúde, [????].
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Os resultados fizeram emergir 37 artigos científicos, sendo apenas dois brasileiros, lacuna que nos apresenta algumas indagações.Carla Martins e Anakeila Stauffer trazem os resultados da pesquisa “Sobre a produção da sociabilidade capitalista:o discurso sobre trabalho, comunicação e participação nos manuais dos agentes comunitários de saúde”, na qual analisaram os manuais e guias produzidos no Brasil e dirigidos a agentes comunitários de saúde, buscando identificar a produção discursivo-ideológica das concepções de trabalho comunitário, participação e comunicação. As autoras concluem que esses materiais atuam na afirmação de formas de comunicação, na naturalização de sentidos sobre “ser trabalhador” e ser cidadão participante e na legitimação das políticas públicas de saúde em curso.“Comunicación, participación y cultura em la promoción de la salud. El campo de la comunicación en contextos institucionales desde la perspectiva teórica constructivista” é o artigo de Dionisio Egidos. O pesquisador estudou experiências desenvolvidas entre 1998 e 2005 por mulheres promotoras de saúde de um centro de saúde municipal de um bairro de setores sociais vulneráveis, em Córdoba, Argentina, buscando responder se a mudança nas práticas comunicativas e de participação entre equipe de saúde/população, equipe de saúde/promotoras e promotoras/população facilitaria ou não osurgimento de práticas transformadoras de promoção da saúde, enfocada a partir da articulação entre o social, o cultural e o comunicacional.Com “Comer com os olhos: discursos televisivos e produção de sentidos na promoção da saúde nutricional de adolescentes”, Giane Serra, Inesita Araujo e Elizabeth Moreira trazem a discussão sobre as repercussões de programas televisivos no padrão alimentar dos adolescentes, considerando seus universos simbólicos, enfocados sob o ponto de vista das diferenciações sociais e tomando o caso da novela “Malhação”. A metodologia recebeu particular atenção das autoras, pois permitiu dimensionar a participação dos discursos midiáticos na formação dos sentidos de corpo e alimentação entre os adolescentes, considerando a circularidade simbólica entre as várias comunidades discursivas. Antonio Brotas e Simone Bortoliero, em “Em nome do progresso da ciência e da saúde: a participação dos pacientes na cobertura do julgamento da legalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil” discutem a cobertura noticiosa da ciência e da saúde que, segundo constatam, é marcada pela hegemonia das fontes especializadas, principalmente cientistas e médicos, silenciando-se as vozes de outros profissionais de saúde, gestores e pacientes. Os autores analisaram a participação dos pacientes na coberturarealizada por revistas semanais brasileiras sobre a controvérsia do uso de embriões humanos nas pesquisas com células-tronco, que culminou com o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. Os embates contemporâneos entre saberes e a legitimidade pública dos mesmos, bem como as estratégias que os agentes utilizam para buscar uma inserção mais competitiva no debate público emergem de seusresultados e conclusões.O artigo “Normatividad y vih/sida: alcances y consecuencias en la relación social imaginaria”, de Leila Passerino reflete sobre os processos de normatização que configuram a enfermidade, como também alguns alcances e consequências, a partir de três mecanismos fundamentais: o domínio da sexualidade e a proeminência do lugar da ‘família’; a distribuiçãoe organização espacial dos consultórios ou áreas dos hospitais dedicadas à Aids e às Doenças Transmitidas Sexualmente; o discurso biomédico da prevenção. Leila considera o diagnóstico de HIV a instância mais completa do projeto normativo, com consequências para quem vive com a infecção.Uma ampla pesquisa-ação realizada no México por uma equipe interdisciplinar está relatada em “Comunicación y educación para La salud que previenen muertes por riquetsiosis”, de Ma. Elena Zermeño Espinosa e co-autores. A bactéria riquetsia, surgida concomitantemente com a Influenza H1N1, em Mexicali, Baixa California, causou uma doença mortal. A ação foi de pesquisa e intervenção e dela participaram doze professores universitários e mais de setenta estudantes de Ciências da Comunicação, Veterinária, Educação, Psicologia e Sociologia.A produção midiática dos sentidos volta a ser enfocada em “Mídia e Saúde: os editoriais sobre saúde do jornal pernambucano Jornal do Commercio”, no qual Sílvia Santos detém-se na análise de editoriais publicados pelo diário, um dos dois mais importantes de Pernambuco. Utilizando o referencial teórico-metodológico da Semiologia dos Discursos Sociais, que privilegiou as noções de polifonia, contexto, concorrência discursiva, poder simbólico e lugar de interlocução, a autora procurou observar as diversas vozes que emergemdo texto jornalístico sobre os temas da saúde e do Sistema Único de Saúde.A seção de Ensaios contempla três textos que aportam reflexões sobre o campo e algumas de suas múltiplas dimensões. Em “Categorías analíticas para la investigación en comunicación y salud. Aportes desde el análisis del discurso” Milca Cuberli e Valeria Albardonedo discutem sobre a centralidade do sujeito no processo saúde-doença-cuidado, atravessado pelos determinantes simbólicos; um sujeito social que define e redefine constantemente padecimentos, sentimentos e estados saudáveis, no marco de um sistema no qual mais se impõe do que se propõe. A relação entre comunicação e saúde emerge desta dinâmica. As autoras oferecem um aporte para apreender esta problemática através da análise do discurso, como metodologia e técnica de abordagem.A relação entre interculturalidade e comunicação é o centro das reflexões de Natalia Ramos, em “Comunicação em Saúde e Interculturalidade – Perspectivas Teóricas, Metodológicas e Práticas”. Seu artigo trata dos novos paradigmas e desafios estratégicos, políticos, teóricos e metodológicos no campo da prevenção, informação, educação e promoção em saúde, bem como das competências comunicacionais e interculturais em contexto multicultural. Seu olhar privilegia o encontro interdisciplinar entre saúde, comunicação e cultura, na sua relação com a pesquisa, a formação e a intervenção em saúde.Com as lentes da integralidade, Roseni Pinheiro e Juliana Lofego apresentam questões sobre o direito à comunicação que, segundo as autoras, tem sido abordado teórica e juridicamente com maior ênfase na compreensão do direito ao acesso à informação ou à liberdade de opinião e expressão. “Direito à comunicação como manifestação do direito humano à saúde: participação, diálogo e cidadania na construção das políticas públicas” problematiza esta exclusividade e as estratégias oficiais de comunicação, que costumam se restringir as informações normativas, indo na contramão das proposições formuladas especialmente nas Conferências Nacionais de Saúde, que têm apontado a comunicação e a informação como indispensáveis à garantia do direito humano à saúde.A seção Pesquisas em Andamento traz quatro trabalhos de doutorandos, que integram suas pesquisas de pós-graduação. “Nada mais natural que amamentar” - Discursos contemporâneos sobre aleitamento materno no Brasil”, de Irene Kalil e Maria Conceição da Costa (orientadora), apresenta uma reflexão teórica sobre os discursos expressos nos materiais de orientação sobre aleitamento materno desenvolvidos pelo Ministério da Saúde brasileiro na última década, sobretudo as campanhas publicitárias da Semana Mundial da Amamentação, com o objetivo de identificar os sentidos da amamentação neles privilegiados ou silenciados.Ma. Belén Del Manzo formula e busca resposta para inquietações sobre “Lo decible acerca del aborto en el discurso social contemporâneo”. Seu trabalho procura dar conta de como o discurso social de um momento histórico determinado, a saber a discussão do projeto de Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez (Argentina, março de 2010), fala sobre o aborto em diferentes espaços da vida social: a saúde pública e os meios de comunicação.Em “Análise do processo de enquadramento na construção midiática de doença”, Marcelo Robalinho e Katia Lerner (orientadora) refletem sobre como a mídia constrói a concepção de doença, partindo da ideia de que esse significado é criado por um processo de enquadramento, que confere sentidos através de uma interpretação dos fatos relacionados às diferentes moléstias noticiadas. Através dos conceitos de frame e enquadramento de memória,analisam matérias publicadas pela revista semanal Veja, no período de vinte anos, tendo como marco legal a criação do Sistema Único de Saúde.Os diferentes modos pelos quais os atores da luta antimanicomial se apropriam e dão visibilidade ao movimento que propugna uma sociedade sem manicômios é o cerne da discussão conduzida por Wanda Santos, Inesita Araujo (orientadora) e Paulo Amarante (coorientador) em “Movimentos sociais e novas tecnologias: o Youtube e a Luta Antimanicomial”. Foram analisadas postagens de vários núcleos do movimento no site YouTube, por ocasião do Dia Nacional de Luta Antimanicomial.Na seção Análise de produtos e práticas comunicacionais temos dois trabalhos que relatam e analisam experiências aplicadas. “Multimedia educativo en el contexto de Plan CEIBAL en escuelas rurales de Uruguay”, de Elisa Martinez, Digna Hoogenboom e Mark Brul, põe em cena a relação entre as novas tecnologias de informação e comunicação e as configurações sociais na área da Saúde, a partir de um projeto desenvolvido na zona rural de Salto, Uruguai. Os autores refletem sobre os desafios que essa conjuntura apresenta aos comunicadores, quanto ao desenvolvimento de projetos interdisciplinares na comunidade e a articulação de novas tecnologias.Em “Gravidez adolescente e anticoncepção de emergência. O software Di@seguinte como auxílio virtual para as equipes de saúde”, Fernando Lefèvre e quatro co-autoras abordam a problemática da gravidez na adolescência e da contracepção de emergência, apresentando um software, em formato de programa multimídia, desenvolvido com base em resultados de uma investigação de representações sociais dirigida a adolescentes, a ser aplicado por profissionais de saúde. Por fim, trazemos uma Entrevista que, não sendo realizada no Congresso da ALAIC, foi incluída pela importância que o tema vem cada vez mais se revestindo na Comunicação e Saúde. “Internet: Working in Progress” foi o título que Isabel Levy escolheu para encimar a entrevista com seis eminentes pesquisadores brasileiros e estrangeiros da comunicação, participantes do III Pentálogo do Centro Internacional de Semiótica e Comunicação, em setembro de 2012. Isabel conversou com os entrevistados sobre as transformações geradas pela internet no sistema midiático, em nossas vidas e nas pesquisas sobre Comunicação, além de apontarem perspectivas teóricas e desafios metodológicos na área. Caro leitor, sua leitura certamente enriquecerá os textos que aqui estão, produzindo novos sentidos para os temas, questões e perspectivas aportadas. Que sejam momentos produtivos e felizes!] => 0
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